A Mesa de Faro
As Aventuras de Orchard

Lá estava Albert, depois de anos de uma vida promissora, vendo agora seu mundo desabar. Não havia outra coisa a fazer a não ser comprar uma passagem para que a mulher voltasse à sua cidade, para onde ele próprio não se atreveria a voltar, não somente pelo risco que iria correr por causa do marido dela, como por acreditar que sua própria esposa jamais o perdoaria. Foi assim que sua aventura terminou muito antes do que ele poderia imaginar e com um custo tão alto que mudaria completamente o rumo de sua vida. A mulher voltou para Brighton e ele foi para os Estados Unidos, indo residir em Spokane, no Estado de Washington, onde teve início em sua vida um período de mudanças, tanto de moradia quanto de trabalho, permanecendo constante apenas a rotina da jogatina. Foi lá que ele mudou seu nome para Harry Orchard.

Em abril de 1897, ainda em Spokane, Orchard se viu com apenas cinquenta dólares no bolso e resolveu procurar trabalho. Um anúncio de emprego o levou a se deslocar aproximadamente 130 quilômetros para o leste, para Wallace, no Estado de Idaho. A uns três quilômetros dessa cidade ficava a fazenda produtora de leite dos irmãos Markwell e seu trabalho era entregar leite com uma carroça, com a qual ele ia até Burke, uma vila de mineiros que ficava no final do Canyon Creek, um desfiladeiro ao longo do qual havia minas e vilas de mineiros. No próximo capítulo conheceremos mais detalhes sobre essa pitoresca cidade.

Ele trabalhou muito durante aquele ano e ao final do mesmo conseguiu investir quinhentos dólares na compra de uma fração de 6,25% da mina de prata Hércules, que ficava próxima a Burke, a mesma cidade onde ele ia entregar leite. Depois disso ele deixou o trabalho de entregador de leite e mudou-se para aquela cidade, onde adquiriu ainda outro negócio na área de madeira e carvão.

Orchard era um homem trabalhador e até um empreendedor audacioso. Seu mal não foi a preguiça. Ele sempre procurava e até mesmo criava oportunidades de crescimento profissional, mas era um mau administrador, assumindo compromissos para os quais não tinha recursos seguros. Como muitas outras pessoas, Albert fazia planos de ser uma pessoa melhor e prometia para si mesmo que iria mudar de vida, estabelecer-se, ter um bom negócio e ser alguém com uma vida normal e tranqüila, mas não conseguia ir longe com tais propósitos. Ele vivia bem, aparentemente, e se vestia bem. Ganhava dinheiro com facilidade e perdia com mais facilidade ainda. Ele não conseguia resistir a uma mesa de pôquer ou, mais ainda, de outro jogo conhecido no velho oeste americano pelo nome de “faro”; essa era, talvez, a sua principal fraqueza.

Foi assim que durante o ano de 1898 ele perdeu tudo o que havia conseguido no ano anterior, tendo que vender a sua parte na mina Hércules e o outro negócio que havia adquirido. Já em março de 1899 Orchard teve que aceitar um emprego braçal manejando uma pá em uma das minas existentes nos arredores de Burke.

Esse período da vida de Orchard foi cheio de sobrecarga, de decisões duvidosas e de terríveis conseqüências. Embora alguns não levem a sério tal fato, o corpo e a mente são interdependentes, de forma que o que prejudica um atinge o outro. O organismo esgotado reduz sensivelmente a eficiência do cérebro e a mente angustiada faz o corpo adoecer. Não foi sem motivos que o sábio Salomão escreveu: “O coração alegre é como o bom remédio, mas o espírito abatido seca até os ossos” (Provérbios 17:22 - ACF).

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Texto extraído do livro
As Aventuras de Orchard
da Editora Luzes da Alvorada.
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