A Rajada de Balas
Histórias Inesperadas

Algum tempo depois ele estava com alguns amigos, voltando à noite da igreja, descendo uma avenida em direção à sua casa quando, ao passar ao lado de uma grande igreja evangélica na qual o culto havia acabado e seus membros estavam se espalhando pelas calçadas em volta da mesma, um carro chegou com homens armados, um dos quais era o próprio líder do tráfico de drogas que desceu empunhando uma pistola automática.

O criminoso chegou gritando, falando palavrões e dando a Jeferson um ultimato: ou obedecia ou iria morrer naquela hora mesmo. Jeferson disse que não iria voltar atrás mesmo que isso lhe custasse a vida.

A ira do marginal subiu às alturas. Ele disse a Jeferson que se preparasse para morrer porque daquela hora ele não passaria; e engatilhou a arma apontando-a para a sua vítima. Muitas das pessoas que tinham acabado de sair da igreja evangélica em frente à qual a cena estava se desdobrando, segundo contou uma das testemunhas, literalmente caíram de joelhos no chão orando da forma que podiam, pois tinham certeza de que Jeferson iria mesmo morrer.

Jeferson sentiu as pernas tremerem quando o bandido se preparou para atirar e caiu de joelhos no chão, de olhos fechados, apertando sua Bíblia contra o peito. Logo a rajada de balas começou e o criminoso descarregou a arma até a última bala!

Mas em vez de Jeferson cair morto, todos ficaram estarrecidos, pois as balas passaram todas direto e cravaram-se no muro atrás dele. Aquilo era completamente impossível! O traficante sabia atirar e estava a menos de dois metros de Jeferson quando descarregou a arma nele. Não havia como errar.

Foi então que Jeferson começou a se levantar e, estando em pé, encarou o meliante, agora pálido e mudo. “Eu disse pra você”, falou Jeferson com autoridade, “que minha vida agora pertence a DEUS e que eu não deixaria de obedecê-lO. Você teve a sua chance e DEUS me protegeu. Agora é a minha vez! Vocês vão sair correndo daqui e desaparecer da minha vida pra nunca mais voltarem porque senão eu vou agora mesmo invocar ao meu DEUS e pedir fogo do Céu para acabar com todos vocês!”

Não deu outra: os criminosos entraram no carro e saíram de lá a toda velocidade para nunca mais cruzarem o caminho de Jeferson, enquanto as pessoas daquela igreja evangélica, que haviam caído de joelhos momentos antes, levantavam-se do chão gritando “Aleluia!”, “Glória a DEUS!”, muitos deles chorando copiosamente, depois de terem presenciado uma cena daquelas.

Jeferson se batizou e, algum tempo depois, mudou-se daquela localidade onde passamos nossa infância, coincidentemente, para a mesma localidade onde eu estava. Casou-se e tornou-se um dos líderes de uma grande igreja naquela localidade.

Este relato eu ouvi do próprio Jeferson, anos depois, falando a um auditório com cerca de mil pessoas, uma das quais, assistindo praticamente sem fôlego, era seu próprio pai. Lembro-me de que em certo momento Jeferson citou alguns fatos relacionados com o tráfico de drogas e ao pacto com o diabo que ele havia feito no passado e, olhando para o pai falou: “É, pai, dessa nem você sabia!”

Não posso, no entanto, deixar de pensar se algo poderia ter sido diferente se a mãe de Jeferson não tivesse se oposto decisivamente contra o envolvimento dele com a Bíblia e com a igreja. Teria ele se envolvido com o tráfico de drogas se as coisas tivessem sido diferentes? Teria ele precisado sofrer tanto por causa dos descaminhos que percorreu?

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Texto extraído do livro
Histórias Inesperadas
da Editora Luzes da Alvorada.
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