Numa Ambulância
Não Foi Por Acaso

As dores ainda estavam fortes. Chegando de ambulância à unidade de pronto atendimento de minha cidade, peguei o carro e fui para casa, chegando lá alta madrugada.

Peguei no sono depois de tomar o remédio, mas acordei com uma dor muito maior; agora eu não conseguia mais andar e nem ficar em pé sozinho. Fui levado às pressas diretamente para o hospital onde todos os exames se repetiram e outros mais que não haviam sido solicitados no dia anterior, como a ultrassonografia.

Os resultados não eram nada animadores. O médico anterior havia errado feio: Eu não só estava com apendicite, como a mesma já havia supurado e eu teria que ser operado às pressas. Alguns últimos exames foram feitos rapidamente e fui encaminhado para a sala onde seriam feitos os preparativos para uma intervenção cirúrgica de urgência.

Eu não fiquei sabendo, pois o médico foi muito cauteloso ao cuidar do meu caso e o tempo todo procurou manter-me tranquilo; mas eu já estava sendo desenganado. A informação que ele deu para a minha família foi de que o meu quadro clínico já estava num estágio muito avançado, que eu tinha apenas umas duas horas de vida e que a equipe médica iria tentar fazer a cirurgia em tempo.

Nunca antes eu havia presenciado algo como o que estava acontecendo comigo: em um dos meus braços uma agulha grossa foi inserida na qual estavam ligadas duas bolsas de soro grandes, e no outro braço uma agulha semelhante recebia soro e medicação de duas outras bolsas. Vários litros de soro sendo injetados com a maior velocidade possível a fim de tentar aliviar a sobrecarga dos meus rins e do baço que deveriam estar correndo sério risco por estarem filtrando sangue contaminado por uma poderosa infecção. O soro não pingava; escorria direto em um fio contínuo.

Várias pessoas foram mobilizadas enquanto eu estava sendo preparado para a cirurgia. Sondas foram introduzidas pelo nariz e pela uretra, comigo ainda acordado, enquanto se tentava fazer tudo em poucos minutos. Não havia tempo. Meus braços foram colocados abertos nos apoios laterais da mesa que ficou montada em forma de cruz para que os médicos pudessem ter acesso fácil ao meu abdome. Durante aquela agitação toda a anestesia começou a fazer efeito e eu adormeci...

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Texto extraído do livro
Não Foi Por Acaso
da Editora Luzes da Alvorada.
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